Quando se fala em um sistema de saúde baseado em serviço, é comum que questões como orçamentos e custos descontrolados, falta de acompanhamento longitudinal do paciente, dados desorganizados, entre outros, sejam uma realidade comum.

 

Neste modelo tradicional, onde se paga pela obtenção de serviços, os provedores são pagos pela quantidade de procedimentos que realizam. Ou seja, são constantemente estimulados a solicitar mais exames e procedimentos, tendo como objetivo o lucro, e não a experiência do paciente.

Visando substituir esse modelo já bastante falho, os cuidados baseados em valor surgiram. Neste segundo, o que é levado em consideração é a qualidade do atendimento prestado. E não a quantidade, como acontece em um sistema de saúde baseado em serviço.

O cuidado baseado em valor é embasado através de dados. Isso porque os provedores precisam repassar aos pagadores métricas específicas dos atendimentos prestados. Além disso, também se faz necessário demonstrar melhorias. Tanto no que diz respeito aos termos clínicos, quanto à experiência do usuário como um todo.

Se no modelo baseado em serviço o pagamento aos prestadores era feito de acordo com a prestação de serviços, no baseado em valor o processo é um pouco diferente. Aqui os prestadores são pagos de acordo com os resultados que proporcionam ao paciente.

Ou seja, todo o atendimento é baseado em fatores como envolvimento do profissional no tratamento, medicina baseada em evidências. E, principalmente, correspondência de incentivos entre todos os envolvidos no processo.

Saúde baseada em valor, quando surgiu?
Essa proposta de modelo, apesar de inovadora, não é recente. Ela surgiu no ano de 2006 com a publicação do livro Repensando a Saúde: Estratégias para Melhorar a Qualidade e Reduzir os Custos, de Michael Porter.

Desde então, o setor vem se movimentando em prol de mudanças que compreendam a saúde baseada em valor. Além disso, existe uma preocupação latente em como fazer essa mudança de forma que ela se mostre justa para com todos os envolvidos.

Basicamente, a definição do valor leva em consideração o resultado para o paciente, envolvendo a sua experiência e a qualidade do serviço prestado. Todos esses fatores devem ser divididos pelo custo envolvido no tratamento. O foco dos cuidados baseado em valor está na maximização dessa equação.

Saúde baseada em valor e a reestruturação do sistema
De acordo com Porter, a reestruturação dos sistemas de saúde de todo o mundo se torna possível através da saúde baseada em valor. Isso porque o objetivo desse modelo é amplificar o valor para os pacientes, oferecendo a eles mais serviços e conveniências. Além de conter a escala de custos que envolve a saúde.

Todas as atividades voltadas ao modelo de cuidado são interdependentes. Ou seja, só é possível obter com precisão o valor para os pacientes após algum tempo. Para isso, se faz necessário que o acompanhamento deste paciente continue de forma longitudinal.

Assim, a cadeia de profissionais envolvidos no processo de tratamento deste paciente é movida a tomar decisões responsáveis, realizando um gerenciamento clínico do caso. Sempre tendo a saúde do paciente como objetivo final.

Se realizado da maneira certa, além das recompensas óbvias para o paciente, o setor também sai ganhando,. Isso porque tem sua sustentabilidade econômica aumentada. A eficiência também está inclusa nesse processo. Afinal, o valor aqui é definido através do resultado sobre custos.

Com isso, o modelo baseado em valor está imune do caminho fácil da realização de subtratamentos ou tentativa de redução de custos. Isso porque esse caminho oferece a sensação de uma falsa economia. Além de prejudicar os resultados a longo prazo e, principalmente, limitar e ferir o princípio básico de atenção primordial ao paciente.

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